“Construções bioclimáticas, arquitetura sustentável, ecovilas, green buildings, bioconstrução, permacultura, construção ecológica e empreendimentos verdes são temas bastante discutidos hoje. Com a preocupação cada vez maior com as questões ambientais, parecem ter sido inventados há pouco tempo, porém, muito do que permeia tais conceitos vem sendo utilizado pelo ser humano desde os primórdios.”
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Vila Barulho D’Água
Implantada num lote de 2 mil m2 a 6 km do Centro Histórico de Paraty, RJ, rodeada de mata Atlântica e presenteada com riachos e uma piscina natural, esta casa ganhou um nome sugestivo: Vila Barulho d'Água. Se a sensação aqui é a de que a construção existe em função da natureza, o mérito vai para o projeto, assinado pelos arquitetos paulistas Ana Vidal e Silvio Sant'Anna. Comprometidos com uma obra rápida e que pouco interferisse na natureza, eles desenharam uma casa com três módulos para aproveitar melhor as clareiras existentes.
Além disso, cada bloco está suspenso, o que mantém a permeabilidade do solo e evita danos aos painéis de OSB, feitos de fibras de espécies de reflorestamento, como pínus e eucalipto, além de resíduos de madeira (veja abaixo). Normalmente usado em tapumes, aqui o material virou protagonista, formando pisos e paredes planejados de acordo com as dimensões das chapas, o que garantiu um trabalho limpo e sem desperdício. Resultado: casa pronta em dois meses, montada por um carpinteiro e um ajudante, e 30% mais barata que uma convencional. A experiência foi tão marcante para a dupla de arquitetos que deu origem ao livro Vila Barulho d'Água, um Caso de Arquitetura Sustentável (PRO Livros).
LEVE E DURÁVEL
Nos Estados Unidos, o OSB costuma compor o fechamento de estruturas metálicas e divisões internas. Aqui, porém, o Oriented Strand Board (painel de tiras de madeira orientadas) ganhou um fim menos nobre: tapumes e construções provisórias. Foi assim que os arquitetos Ana Vidal e Silvio Sant'Anna conheceram o material. Em busca de um produto que se prestasse à formação de paredes e pisos e oferecesse rapidez, leveza e durabilidade, eles escolheram o OSB pela resistência a fungos e cupins, pela capacidade de suportar peso, por não empenar e possuir garantia de 20 anos.
Para prevenir danos provocados pela umidade, os arquitetos afastaram a casa do solo e cobriram o piso com stain e verniz e as paredes com primer e tinta esmalte. Embora o fabricante recomende que paredes externas sejam revestidas ao menos com argamassa, Ana e Silvio consideraram que beirais largos bastariam para protegê-las das chuvas. Neste projeto, as placas estão pregadas na armação de madeira.
• Quem fabrica: LP Brasil.
• Onde encontrar: revendas de madeira e lojas de construção.
• Quanto custa: R$ 12,50 o m2 (chapas de 11,1 mm).
IDEAIS DE SUSTENTABILIDADE
O Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica (Idhea), centro de referência sobre o assunto sediado em São Paulo, estabeleceu alguns princípios para avaliar se uma construção é sustentável. Veja quais são e como foram aplicados neste caso:
• Gestão da obra - não houve desperdício de material nem sujeira e desmatamento no entorno; a casa é fácil de reformar e 90% reaproveitável (se desmontada).
• Aproveitamento dos recursos naturais - vidros e aberturas permitem farta iluminação natural; a ventilação cruzada dispensa a climatização artificial (ar-condicionado).
• Conforto termoacústico - paredes duplas de OSB, material com propriedade isolante, ajudam a barrar o som. Telhas cerâmicas claras refletem os raios solares e contribuem para ambientes sempre frescos.
• Uso de ecoprodutos e tecnologias sustentáveis naturais e recicladas - há um mínimo possível de madeira; a maçaranduba certificada (extraída de manejo florestal) não foi usada devido ao preço alto. O OSB não é reciclável, mas leva fibras de pínus reflorestado e resíduos de madeira.
Para estar em companhia da mata – e não apenas tê-la como pano de fundo –, o pavilhão social é todo envidraçado.
A estrutura de maçaranduba veio de um fornecedor próximo, o que condiz com as práticas da construção sustentável porque evita o transporte de material por longas distâncias.
A fim de proporcionar momentos de privacidade e outros de integração, a casa se divide em três módulos: social, suíte do casal e quartos de hóspedes
A pintura com tinta esmalte branca nas paredes internas clareia os ambientes, como se vê no quarto de casal.
As janelas são amplas até no banheiro, já que a mata, próxima, faz uma barreira visual.
Cristina Bava e Joana L. Baracuhy
Especial Casa Sustentável* – 08/2009
Casa Ecologicamente Correta
Diretrizes para uma construção sustentável:
- Pensar em longo prazo o planejamento da obra
- Eficiência energética
- Uso adequado da água e reaproveitamento
- Uso de técnicas passivas das condições e dos recursos naturais
- Uso de materiais e técnicas ambientalmente corretas
- Gestão dos resíduos sólidos. Reciclar, reutilizar e reduzir
- Conforto e qualidade interna dos ambientes
- Permeabilidade do solo
- Integrar transporte de massa e/ou alternativos ao contexto do projeto.
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